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Compartilha

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Assim como a Marina Colasanti questionou, citando Michelangelo no conto Como se Fizesse um Cavalo, sobre o que teria sido a sua vida sem a leitura, penso no que teria sido a minha sem a escola. E no caso, eu e milhões de crianças, que só passamos por uma escola por ela ser pública. Para pensar o que eu teria sido sem a escola, teria que tirar da minha vida muito mais do que o conhecimento da matemática, da escrita, da história. Teria que me despir de todo crescimento pessoal que ela me proporcionou. Uma dívida imensa, sem dúvida. Teria que tirar da minha história todos os professores que foram importantes, as Anas, as Inetes, os Pedros, Diones e tantos outros que entre uma aula e outra nos passaram suas experiências de vida, que nos ajudaram a crescer. Aprendemos a fazer amizades, a conviver com as diferenças, a demonstrar emoções sem nos fragilizar, a enfrentar nossos medos, nossas contradições, nossos conceitos e pré-conceitos (assim mesmo, com hífen).

E foi pensando nisso que aceitei participar de uma volta à escola. Quando o André, que foi meu colega na UFSM, ligou, passou um filme pela minha cabeça. São momentos bons e não tão bons que passei no Margarida Lopes. Voltar à escola significava também relembrar. Isso depois de mais de 20 anos.

E assim, me juntei a outros cinco ex-alunos, que não foram meus colegas de turma, mas parceiros de memórias de uma mesma época. E aí, adivinha? Fizemos um grupo no Whatsapp e ali conheci ou reconheci a Ana Paula, o Álvaro, o Cristian e o Gésiner. Éramos seis a compartilhar nossas lembranças e programar nossa volta à escola. A proposta era exatamente esta: compartilhar. Encontrar os alunos do Ensino Médio e contar cada um a sua história e o quanto levamos da escola para as nossas vidas.

Na sexta-feira marcada, o relógio mal passava das 7h30min da manhã e lá estávamos nós no portão do Margarida Lopes. Falo por mim, mas acredito que todos estavam um pouco apreensivos com a recepção. E fomos muito bem recebidos. Eu não sei se deixamos alguma mensagem, mas com certeza saímos diferentes do que entramos. A gente cresce quando compartilha vivências e conhecimento. Da escola saímos faz tempo. O bom é que nunca paramos de nos estudar.

O mais importante é que não nos propomos a apontar caminhos, porque não existem caminhos certos e errados, existem caminhos e cada um trilha a sua maneira. Deixamos a certeza de que sempre vale a pena buscar nossos sonhos e que os obstáculos fazem parte da jornada pessoal de cada um. Lembro do filósofo Mário Sergio Cortella, quando diz que "vaca não dá leite. Tem que tirar!".

Toda busca envolve um caminho, com mais ou menos obstáculos. A escola faz parte das nossas vidas e tem um papel fundamental. Nossa gratidão ao Margarida Lopes, aos professores, aos colegas, ao bar da esquina, às aulas de handebol que nos renderam um time pra competir nas quadras da UFSM, aos banhos de bixiguinha para quem passava por média. A nossa gratidão ao Grilo, nosso companheiro de camiseta, ao bar da escola com sua torrada especial inesquecível. A nossa gratidão à Biblioteca Érico Veríssimo, que nos levou ao mundo dos livros e da leitura. A nossa gratidão aos professores que nos receberam neste primeiro Compartilha!

Compartilhamos ideias e experiências. Como no ditado chinês que diz que, se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, ao se encontrarem, eles trocam os pães e cada um vai embora com um. Porém, se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando uma ideia, ao se encontrarem, trocam as ideias; cada um vai embora com duas.

Quem sabe, é esse mesmo o sentido do Compartilha: trocar ideias, para todos terem pão.

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